A Sacada

Da sacada os assisto e as vejo.
Que dor, que sonhos carregam. Qual desejo?
O rapaz de porte e andar prepotente, sem pejo,
imagina-se um ás de qualquer gramado.
A moça magra, quaquer outro sonho alucinado.

Quantos e quantas tornar-se-ão?

Observaste, Carlos, do escritório.
Eu, petulante, tento imitar-te. Pobre simplório!
Talvez só eu os veja. Talvez seja a morfina. Seja tudo ilusório.

De baixo, no entanto, talvez me vejam e se pergutem:
o que quer o homem da sacada?
Pudesse, responder-lhes-ia: só lhes ver. Mais nada.