Guerra de rimas

Meus olhos não encontram o horizonte.

Perdidos vagam pelo céu

de azul cianótico inebriante.

O oxigênio invisível e essencial...

Sacia a respiração e a concentração.

O invisível é essencial.

Está no pensamento,

está no sentimento.

Está na fronte,

no serro, na face,

nos espelhos, na luz e nas trevas.

O essencial está no silêncio

Assim como nas palavras.

Na fonética intensa dos gestos.

Das atitudes.

A essência tanto se concentra

como se dispersa.

Voa displicentemente com o vento

ou com as turbinas supersônicas.

e, vão além do infinito.

Transcende, ultrapassa e atravessa

egos, coisas, seres e vidas.

Na guerra de rimas,

na poesia cotidiana

brigam os símbolos e significados

na arena semântica dos valores.

Lutam humanos e humanizados.

Lutam coisas e coisificados.

Escravos e senhores.

Vassalos e suseranos.

Possuídos e possuidores.

Lutam o poder e a esperança.

Na metafísica frugal do dia-a-dia.

Na rotina sacramental dos rituais.

Na cíclica e encíclica da vida e da sorte.

E, da vida e da morte.

Então, a morte é o sumiço súbito de horizontes.

É a guerra de rimas sem lirismo.

É a guerra que mata a todos.

E deixa o deserto por testemunha.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/12/2012
Código do texto: T4046268
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