Descompasso

Escrevo na lousa o que vejo no espelho;

Enxergo no espelho o que vejo na lousa.

Mas oh! que maldade fizeram comigo:

O espelho é a lousa que guardas contigo.

Meu giz é o batom que a tua boca procura,

A lua é mais clara na noita escura.

Eu uso o carvão p'ra escrever o teu nome,

Teu nome é o que eu chamo, teu nome é o que eu digo.

Te quero no vento, na chuva, no sono;

Nas flores de cactus, na mente do dono.

Te espero nas vozes, nas luzes do espaço;

Sem ti, o meu ritmo é mais descompasso.