Cicatriz
Cicatriz
Quantas vezes hei de buscar na escuridão da noite
tua silhueta entre uma e outra sombra
que na penumbra perambula...
Nas esquinas, nos bares, nos lares perdidos
ao longo do deserto das almas desencontradas,
desalentadas pelas tempestades da vida,
quantas vezes hei de atirar-me no abismo escuro de corações obscenos
na ânsia louca de te encontrar, num vôo cego,
perdido entre os abraços, nos braços da amargura,
eterna solidão...
Quantas vezes hei de murmurar teu nome!
Quantas vezes hei gritar como louco!
No silencio profundo da minha alma brotaram
nascentes salgadas,
deslizando pelas encostas da minha face, sulcada,
delineada pelo tempo.
Ilusão!
Desilusão!
Quantas vezes hei de abraçar meu âmago num carinho só!
Na esperança de acalentar a alma,
acalmar o desespero na busca da calma,
paz perdida nos carinhos teus.
Quantas vezes quis amar!
Entendes isso?
Mas, até meu amor levastes ...
Quantas vezes partirei a tua procura só pra ver o riso, esplendor do teu rosto!
Só pra ver o gesto teu.
Só pra ver o vento acariciar seus cabelos num bailado sincronizado, paz e harmonia.
Só pra ver a felicidade de perto.
Minha alma é um deserto, entende isso?
Não iria tocar em ti, apenas olhar, embebedar-me do vinho da tua alma que me acalma.
Esperança sem limites!
Todavia, me deixastes uma lápide fria na relva
das almas desencantadas
e se as feridas na minha alma o tempo não conseguir cicatrizar?
Quantas vezes?
Quantas noites?
Quantos dias?
Em memória, perece...
Anseio da alma jamais se esquece!
Amantino Silva Julho 2008