Pássaro solitário
Chove
e as vidraças
se abrem para o céu
cor de chumbo.
Nenhuma estrela.
O mistério se desfaz.
Bem-me-quer.
Mal-me-quer.
Pétalas rasgadas
na chuva.
Margaridas no jardim.
Uma mistura infinita
de branco e amarelo.
Nas estradas pelo avesso,
segue o pássaro solitário.
Leva penas,
música e raízes.
E constrói o ninho.
Passo a passo.
O temporal finda
o arco-íris surge
singular.
E as dores
- o ópio dos poetas -
se desmancham
em versos.
Na sombras
das estrofes.
Enquanto escuto
a voz de um anjo
nas metáforas:
Beija-flor sem asas.
Solidão e chuva.