Pássaro solitário

Chove

e as vidraças

se abrem para o céu

cor de chumbo.

Nenhuma estrela.

O mistério se desfaz.

Bem-me-quer.

Mal-me-quer.

Pétalas rasgadas

na chuva.

Margaridas no jardim.

Uma mistura infinita

de branco e amarelo.

Nas estradas pelo avesso,

segue o pássaro solitário.

Leva penas,

música e raízes.

E constrói o ninho.

Passo a passo.

O temporal finda

o arco-íris surge

singular.

E as dores

- o ópio dos poetas -

se desmancham

em versos.

Na sombras

das estrofes.

Enquanto escuto

a voz de um anjo

nas metáforas:

Beija-flor sem asas.

Solidão e chuva.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 11/03/2007
Reeditado em 11/03/2007
Código do texto: T409018
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