A rosa desfolhada II

Cada pétala desfolhada

trazia do beijo

a antiga dosagem exata.

A cada gesto que morria

o perfume de rosa

ainda assim se exalava.

A rosa, sem ser formosa,

era flor delicada.

Flor que indo embora

ao vazio condenava

o pobre talo tristonho

em meio à nevoada.

O vento indo longe,

pra bem longe arrastava

fragmentos de beleza,

de beleza desquitada.

Beleza sem marido,

opróbrio da mocidade.

E os restos da rosa

pelo mundo se espalhavam,

espalhando seu aroma

dos tempos de amada.

Tempos idos os tempos estes

pois que cheiros de saudade,

não trarão as pétalas

desfolhadas!