Meio medalhão

Só tenho a minha metade do medalhão,

que abre a porta para o vale da ventura;

resta-me buscar a outra parte que não,

se deixa encontrar numa singela procura;

estará no fundo do baú d’um catedrático,

que misturou esquecido, aos alfarrábios;

uma, duas vezes olhou-o meio simpático,

jamais fez menor menção em seus lábios;

quiçá cavalga, sobre uma alma impulsiva,

e rompe ao alambrado, da mediocridade;

pinta seu talento com as cores mais vivas,

que chame mesmo, atenção, a vivacidade;

talvez pendeu sobre o peito de Jerônimo,

antes do sangue saltar ao vale dos anos;

ou pior, foi presa até mesmo do demônio,

libertada ao exorcismo d’outros cristianos;

medalhas, a atletas rememoram os feitos,

bronze, prata, ouro, ditam honrosa ordem;

a minha desejada seria, como dois peitos,

a dormir juntos, para que juntos acordem...