Meu Falo
No breu completo de minha vida
Meu falo chora sozinho
E eu o que direi?
Esquece o gozo companheiro
Que culpa tenho eu dessa cara
De meu corpo ser frio
De minha fé ser rala
Não vivo bem
Não sinto nada
E pago, por sei lá o que
Não sei se é asco, mau cheiro
Continuo sozinho sentado na pedra
Em meu corpo só a mão minha
Fria e triste
Ando sozinho na rua
E qualquer olhar me ascende
Olho no olho carne na carne
E por que nada acontece?
Continuo com frio, gelado e sozinho
Por que falam tanto de paixão
De calor, afeto
Se não sinto nada
Aqui dentro, é frio, escuro e seco
Não me ensinaram a amar
Não sei lidar com as pessoas
Meu olho é seco, não choro
Na verdade nem dói
Mas por quê?
Será que só eu sou assim?
Rio, falo, brinco
Nada acontece
No fundo nada mexe
O semblante denuncia
O frio dessa noite nunca dia
E o tempo passa
E eu nesse purgatório
Frio e ralo
Não grito, porque nem voz eu tenho
E meu falo chora
Porque só isso lhe resta
autor: Fsantanna. 1998