Ao cair da tarde.

O tempo lento e monótono passa

E vejo o cair silencioso da tarde

Banhada em um sol dourado e enorme.

A tarde se tece azul, na agulha de teares místicos.

E, aos poucos uma sombra de incêndio

Ilumina a montanha que adormece.

A quietude envolvida em amargura,

Banhada em neblina e lembranças.

Cintila em algum lugar um inacreditável brilho

Feito de uma lágrima de chuva

Que resplandece como diamante.

O pálido céu de um inverno que se aproxima

Como uma borboleta em um jardim vazio

Que no azul é a única flor que voa

E suas cores são maculadas

Na vastidão do abraço da noite que se fecha

E o colorido de suas asas torna-se castanho.

Momentos tristes nos prismas do sonho,

E a montanha sugere ondas gigantescas

De um mar distante e inalcançável.

Os vales abraçam o mundo dentro da noite e do silêncio

Fechando-se como as águas do mar vermelho-sangue.

Réstia de sol, no tédio de olhos cansados.

Mauro Gouvêa