Solidão tu quem assombras
Ó temeroso e esguio frio da dor
que se abeira na nascente tarde calorosa,
o sopro do adeus jamais congelará o amor
pois não existe 'adeus', só saudade dolorosa.
As mãos atadas comprimem o agir,
passo singelo que ao socorro não corre.
Mil pélagos de lágrimas em pranto a surgir
mantém seco o nada que por ti não sofre.
Ah!
E essa incompreensão que tanto assombra
apresentando real motivo aparente,
é a triste solidão que em meu ser compra
o terreno de minha edificação impotente.
Há quem tanto afirme: o tempo cura a dor
cicatriza varrendo toda amargura,
mas tanto soletra soneto consolador
a saudade é amor, nunca loucura.
E perdura, ah! como perdura
fixa em minh'alma o vulto da esperança,
o reencontro sonhado que por ventura
fará revivermos a melhor lembrança.