PENSAMENTOS DE CHUVA

Tenho vontade de pensar em voz alta,

Na varanda, a claridade está quase morta;

Hora em que há apenas distância,

Que impede que um som se ouça.

Tarde fria em que a chuva forte,

Escurece tudo e cai de repente;

Um crepúsculo tão desanimado,

Tão silencioso, frio e acabrunhado.

As trepadeiras com flores na janela,

Encolhem-se mudas como flores velhas,

Não há distância nesta neblina imensa;

Parece a cor do adeus e da ausência.

E esta água fria desta chuva quieta,

Cai nas folhas verdes como se chorassem a queda;

Gotas que caem das folhas silenciosas,

Chorando pela luz do sol nas suas rosas.

A chuva vai caindo em um bailado mudo,

E a noite surgindo preguiçosa, tomba;

As mãos escrevem naquele vidro antigo,

O nome guardado de um distante amigo.

Fui escrevendo na neblina inconstante,

E o meu verso foi apagado num instante,

Pois a chuva que descia das nuvens negras,

Chorava e lavava todas as minhas letras.

Neuza Maria Spínola
Enviado por Neuza Maria Spínola em 23/08/2013
Reeditado em 10/08/2016
Código do texto: T4448839
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.