Um dia desses... Hoje!

Já é quase noite.

No horizonte, os poucos ramos de sol

Não são capazes de esquentar a pele.

O frio começa a arrepiar.

E a saudade a dizer palavrões.

Não no sentido chulo.

Mas, no sentido de “acompridamento”.

As palavras surgem gigantes.

Com uma ferocidade tamanha,

Que quase me engolem.

E nem o achocolatado serve de companhia.

Aos poucos, o sol dá passagem à noite.

E a alma, solitária, engole o choro.

Um choro contido, sôfrego.

Por não saber se a delicadeza toda

É fruto de bondade extrema

Ou de idiotice em excesso.

Seriamente, há dias em que essa pergunta

Ecoa na mente como gato no telhado.

E como martela!

Então, o que resta é usar a caneta.

Pôr para fora as angústias

Como forma de descarregar a mente.

Talvez essa não seja a melhor maneira,

Mas certamente é a menos explosiva.

Já fui das impulsividades.

Hoje, sou do conter exacerbado.

Um conter que, por vezes, irrita.

Porém, talvez haja alguma vantagem no final.

Talvez haja alguma recompensa.

Por menor que seja.

Talvez ela venha um dia.

Não hoje, com o vendaval

Que desgrenha os cabelos,

Que bagunça as ideias.

No fundo, o melhor conselheiro para hoje

Seria o enorme travesseiro

E as inúmeras melodias da madrugada.

Nada, além disso.

Talvez um colo, também.

Para recostar as tristezas.

Para abrandaras injustiças.

Para acalantar as lágrimas

E deixar o soluço brotar na garganta.

Como criança quando tem dor na barriga.

Há dias em que tudo o que queremos

E realmente merecemos é a solidão.

Um copo de algo embriagante.

Ou um bom pedaço de bolo.

Com direito a cobertura de chantilly.

Para que percamos um pouco a dor.

Para que abrandemos o viver.

E para que vivamos, mesmo sem querer.

E talvez seja esse um desses dias.

Tenho quase certeza disso.

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 18/09/2013
Código do texto: T4487026
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