Poeira de Giz.

A vida perdeu seu encanto,

Desalento, dissabor e desesperança

É o que vejo em cada canto

Enquanto a rotina faz sua cobrança.

E quando a angústia nos afeta

Parece que nada mais tem sentido,

Não interessa nenhuma meta

O gosto pela conquista é esquecido.

Tudo é tão igual,

Quem em nada se difere,

A dúvida é um mal

Que aflige e fere.

A busca pelo prazer

E o gozo das relações,

Permeiam os desejos do ser

Em suas infindáveis ilusões.

Tem horas que a vida

Simplesmente perde a graça,

A cada dia, uma nova ferida

Enquanto muitos vivem na desgraça.

Viver resume-se em apenas existir?

Fotografia em sépia descolorida

Preto e branco o arco-íris do sentir

Dessa realidade dolorida.

E presente aquela pessoa querida

Afasta-se tal sentimento delirante,

Felicidade perdura até sua partida

Depois se enevoa nosso semblante.

As coisas e seus velhos prazeres

Parece que aqui, nos são indiferentes,

Buscamos outros ares ou deveres

Na tentativa de ocuparmos nossas mentes...

Mas falhamos... Como já era esperado,

A sensação do incompleto perdura,

Permanece o sentimento amargurado

Inerente a cada criatura.

Meus escritos são duros

Nunca fui alguém esperançoso.

São previsões para um futuro

Que me deixam receoso.

Por que se esperar algo de bom?

Qual a luz deste caminho?

Afinal todos nós temos o “dom”

De nascer, viver e morrer sozinho.

Ai ai meu Deus!

Como eu queria estar errado.

Ao invés de dizer adeus

Cada um pudesse ser amado.

Ser feliz...

É o que eu sempre quis,

Mas a minha existência

É tão efêmera e passageira

Como uma poeira de giz.

Pago pelo pecado da maçã?

Sofro calado este corte?

Nos braços do horizonte vem o amanhã

Enquanto prolongo a espera pela morte.

Hilton Boenos Aires.

12 – Novembro – 2013.

Caruaru – Pernambuco.