Desencontro Coletivo

Nesse metrô havia um homem

Que fixamente olhava outro homem

E só disfarçava olhando pro teto.

De tanto olhar pelo canto do olho,

A situação de profundo antolho

Só ele então percebeu por completo.

Que aquele homem de olhar perdido

Olhava para outro, num banco escondido

E contemplava uma bela mulher.

Essa, seguindo sem saber o alvoroço,

Só tinha olhos pra um jovem moço

Que olhava pra vários lados quaisquer.

Até que de tanto olhar pelos cantos,

Trombou com um par de olhos em prantos

E com delicadeza, foi admirá-la.

E no desencontro coletivo de olhares

O destino caiu apesar dos pesares.

“Próxima estação, terminal Jabaquara.”