Carona

Eita esperança intrusa que inda trago,

Rasga minha máscara pois, não nego;

revela tacitamente até o que não digo,

pintando no lugar do brilho do fogo,

um triste e soturno, o peso do jugo...

timidez que faz agir assim, modo vago,

pondo e tirando peças em vasto lego,

encenando que assim, mui sereno sigo,

mas, esse maçête só faz parte do jogo,

fingir que há milho, onde resta o sabugo...

manter calma a superfície desse lago,

é duro, mas, nesse batente eu pego;

achando folhas onde esperava figo,

frustrando esperanças, anseios, logo,

massa cozida a espera do molho sugo...

resta o poema esse truque de mago,

qual Braile solícito exposto ao cego;

que apalpe meus desalentos, nem ligo,

se quiser carona no mesmo desafogo,

ei-la franca, sem custo, o espaço alugo...