Por tudo que for

O barco que se foi carregou comigo

Finjo que estou aqui pra ninguém me ver

Não sou nada, nem sequer um fugitivo

Encenando uma história que ninguém vai ler

Sou só o pó da poeira que alguém varreu

Cada pedaço do que fui se foi com o vento

Nos cantos do mundo sem mim tudo aconteceu

Aqui onde fiquei não sobrou nenhum lamento

Se fui um dia nem sequer me contaram

Só a sede, a fome, o descaso aqui amanheceu

Passei por passar nessa estrada que invadi

Fui apenas mais um grileiro, sem teto, sem jeito

Mendigando o carinho, o amor que não era meu

E durante a minha fuga bizarra e sem noção

Carrego as migalhas e retalhos do que juntei

Para aumentar as velas da minha embarcação

Assim consigo ir mais longe e mais além

Deixo no cais minha alma de mim arrancada

Vou singrando pelo mundo na sua vastidão

Sendo mais um corsário em busca de nada.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 15/05/2014
Reeditado em 15/05/2014
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