Vazio das Horas

A Solidão vem carregada pela brisa do luar

Pouco a pouco, sombras vão rastejando para mim

Libertando-se de seus refúgios, a medida que a tarde cai

O som do dia já deixou de tilintar

Agora, apenas a vaga do silencio da escuridão presencia meu anoitecer

Crio para mim essa brecha no tempo

Onde não aspiro a nada

E a serenidade da Solidão me faz não querer a companhia de ninguém

Mas um anjo que passa, porém

Vem sentar-se comigo a pensar

Olhando-me docemente

Pede que eu o deixe ficar

“Os anjos também gostam da Solidão”...

Foi quando percebi que na verdade

O que eu mais desejava

Era ter comigo alguém

Mesmo quando o vazio do tempo viesse arranhar meu ser

Esse anjo tornou-se meu companheiro na Solidão

Esteve comigo por tão pouco tempo

Mesmo assim, pude sentir que o que o movia

Era o mesmo que eu também buscava

Encontrar uma companhia,

Um ser que também soubesse

O que é sentir o vazio das horas

Em que viver é muito

Temer a angústia dos minutos

Em que respirar é tudo

Amargar a dor dos segundos

Em que o gritar é mudo

Ana Pismel
Enviado por Ana Pismel em 09/05/2007
Código do texto: T480732