Por detrás dos olhos

Andava tonta de tanta flor

Das primaveras intensas de cor

E luz

E girassóis girando pelo mundo

Atrás do astro-estrela

Andava bêbada tropeçando

Nos próprios sonhos

No corpo que não adere a essa

Bastarda alma

Que calma escorre

Pelas ilusões banais

Sobre chuva,

Sobre outonos

Sobre as velas que queimam essências

Vaporosas

Cheirosas

E que me lembram

Tanto mar.

Tanto passado

Ressecado por lágrimas

Peço perdão

Mas a despedida

É inevitável

Não resta aceno

Não resta reticência

Não resta a decência

De se esquecer no armário

De aquecer os pés molhados

Da chuva

E se salvar das enxurradas

De medo e da inundação

De emoções

Diárias

Empilhadas

Atrás de meus olhos.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/05/2007
Código do texto: T481135
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