O Que Tu Sempre Sabes de Solidão - I
O que é solidão?
É um silêncio acostumado, o voto dos heróis cansados
Um quê de sabedoria adornado com um vazio desamôr
Este debruçar numa calota polar incendiada de frigidez
O calor perdido numa noite quase escura ou sabotada!
O que é solidão?
É uma paixão inexistente, dívida entre ser na multidão
A sombra ameaçada de desejo inexistente, impossível
Uma deserta e daninha santidade calada, estilhaçada!
O que é solidão?
É um telefone que jamais toca em inútil covil em ruínas
Uma passagem escura, malvada trilha, na cova intrusa
Aquilo que machuca o homem ao ser desprezado casto!
O que é solidão?
É a certeza muda em uma era de desprezíveis infâmias
Aquilo que medra ao solo seco, destinado aos incautos
De nada renasce e nunca possui raízes e sempre reza!
O que é solidão?
É a perda da mãe queixosa, falecida, temeroso perdão
Um filho a sós entre paredes inexistentes ao se perder
Essa rainha do lar, santa senhora deste mundo gasto!
O que é solidão?
É uma flôr para um filho conforme o seu covil desgosto
Uma esperança num fio tênue de querer e ser querido
E uma refeita majestade de uma honra há muito rara!
O que é solidão?
É calor desperdiçado de uma amante que jamais amou
Deste homem que chora quieto, num canto da cômoda
Sempre partido em sua alma, sempre de coração forte!
O que é solidão?
É a obsessão da vida deste ser humano e humanidade
A mais preciosa e temida desventura de cada simetria
O que o homem mais padece, sofre, teima e desgasta!
O que é a solidão?
É o tudo que te persegue, espezinha, e nunca conforta
Neste mundo assemelha-se à uma floresta sem matas
Uma vasta clareira que ser algum adentra em piedade!