Sepultando Pensamentos Mortos

Dou-me conta do tardar da noite escura

Desvio o olhar do relógio, porém

Sinto-a chegar trazendo-me a sua solidão, libertando o que o silêncio

Trás junto da escuridão

Liberto em palavras a torrente dos sentimentos encerrados

Para encerra-lo, agora, em outra sepultura

Mortos como a maioria de minhas alegrias

Frágeis, como todas as minhas esperanças

Carrego encerrados em meu peito

Palavras, poesia, pensamentos

Que não são propriamente meus

Ou nunca acreditei que seriam

Não espero a compreensão

Das coisas que em meu próprio ser não compreendo

No entanto é em consentir minha aceitação

Que levo pensando tanto tempo...

Percebo nessas pessoas todas

O mesmo fantasma que assombra a mim

Parece que não somos tão diferentes

Quanto obrigamo-nos a pensar que sim

Vejo também que nem todos percebemos isso e os que percebem

Vivem a fingir que não

Nessa noite escura

Não encontro o fino luar que sempre me ilumina

E que ando procurando sempre

Mas ainda há o silêncio que cala

Dizendo-me coisas encerradas entre as folhas que ainda não caíram ao chão

Dizendo-me um pouco de mim

Reconciliando-me com a minha loucura

Fazendo as pazes com a solidão...

Ana Pismel
Enviado por Ana Pismel em 14/05/2007
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