Do EU Profuso

Eu encontrei-a novamente

E vestia ela saudades

E era tão vasta as suas vestes

Que inundavam até os olhos meus.

E eram tantas as juras

De amores

Por debaixo das conchas do mar

Na ressaca do mar que nada esconde

Do amor que a tudo transborda

E cospe para fora o que sufoca.

Eu encontrei-a novamente

E vestia ela solidão

E era tão densa as suas vestes

Que cabia dentro do nada que ela sentia.

O nada é espaçoso

E era ela tanto tudo

De lembranças...

Protegida por baixo dos cílios espessos

Quando pingam gotas que exalam

Cheiro de saudade molhada de tempo.

Eu encontrei-a novamente

E vestia ela, ela mesma.

E era tão volátil as suas vestes

Que chegou a fazer-me levitar com ela.

E era ela tão confusa

Que cabia dentro de toda a profusão tua.

E ela não queria o mundo

Apenas aquelas quatro paredes

E muitas criancinhas à volta.

E o desespero no pulso:

Tempo que não volta nunca.

Eu encontrei-a... Novamente.

Karla Mello

15 de Julho de 2014

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 15/07/2014
Reeditado em 14/11/2022
Código do texto: T4882485
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