HÁ DIAS

Há dias asssim

em que o trago que bebo,

é a saudade de mim.(Jeanete Ruaro)

HÁ DIAS

lisieux

Há dias em que tudo é ausência.

Em que buquê de flores é isento de beleza.

Dormência total no corpo e nas entranhas

tamanhas ânsias que transbordam, líquidas,

não há como contê-las no meu ventre.

Há dias em que seios, mãos, barriga, braços

são só espaços... não podem ser transpostos

e eu com corpo e mente adormecidos

embebedados do lascivo vinho

não mais respondo, amado meu, por mim.

Há dias em que o trago de absinto

que tomo em taça negra de pecado

é fardo leve

é breve auto-retrato

queimado nos incêndios do passado.

Há dias em que tudo é resistência

e a lucidez se esconde na demência

do meu sorriso, que perdeu-se, gasto,

no descompasso do bandoneon

e no cenário de luzes de neon.

BH - 11.05.07

* inspirado no poema de Jeanete Ruaro que pode ser lido aqui: http://mardapoesia.zip.net

lisieux
Enviado por lisieux em 23/05/2007
Código do texto: T497621