Medo

Sinto algo, fico atento,

Busco dar-lhe uma imagem,

Chuva dum amargo sentimento

Vem regar esta paisagem.

Fecho meus olhos... Doentio...

Escuro, meu medo palpita.

Vou caindo, caindo no vazio,

Vento gelado sopra e tirita.

Assim solto as razões

Dessa “imutável vicissitude”...

Abrindo os portões

Ao som dum alaúde.

Entre uma paixão rude

E uma tristeza confortável,

O ser vagueia e se ilude

Crendo que isto é mutável.

Repetem-se ciclos, temporadas,

Dias, meses, anos, estações

Despedem-se das alvoradas

Tais quais velhas elucubrações.

Disfarçando a angústia, fingimos,

Não conhecer nossos desesperos,

Ao longo da vida repetimos

Esses costumes inteiros.

Hilton Boenos Aires.

23 – agosto – 2014.

20 – outubro – 2014.

Caruaru – Pernambuco.