Velório
À quem se deve
Tamanha ousadia
De adentrar em meus planos e atear fogo?
Arreganhar o passado e planta-lo no já?
Há pontes transportando os caminhos
Para lá e para cá
Sem saber onde pousar
Esmiuçando o pensamento
Jogando fora o resto que compunha algum alguém
Intermináveis pergaminhos emoldurados na parede
Há paredes pra todos os lados
Não há saída, somente histórias que permitem à estrutura sustentação
Me olhe no profundo de onde me roubou e recupere meu lugar
E que venha abaixo
A alegoria passa e acena pra multidão
Passos ensaiados e calculados enganam e pregam peças aos espectadores
Tudo esta bem - dizia o dono das rédeas
À quem se deve esse assalto
De cara lavada e peito de aço?
Quem morreu foi eu
Intermináveis descaminhos
Alimentam a síndrome da terra do nunca
Ressecam a boca com palavras não mais de verdade
E engole a seco a real maneira de se atormentar
A real maneira de se fazer ascender
Quem morreu foi eu