Sobe o fecho éclair,vê seu rosto no espelho;
mil reflexos mas de um só rosto.
A pele levemente bronzeada,os fios loiros
mais curtos que o normal,com profundas olheiras;
nada que um corretivo não possa amenizar...
Vai a janela,sente o calor do sol esquentar
sua alma dormente,gelada...
Ele dorme o sono dos justos?...só ele sabe.
Ela sonhou com a primavera em uma cidade grande,
com rios que ixibiam leitos em tom safira
encapelados pelos ventos...
Descobriu uma cidade enrodilhada ao redor
de ruas,igrejas e praças em uma trama
igual a um cesto de serpentes aninhadas...
Uma cidade silenciosa,tocada em nuvens de
luzes piscantes,árvores  verdes delirantes,
que ganham a rua ao anoitecer e a tornam amante;
que ela aceita sem inibição...
Leva o amor todas as noites entregando-se
com olhos fechados,ouvindo dos bares  os
músicos cansados,óculos escuros com sua insônia
dando os últimos acordes...
Ao sair acende um cigarro como se fosse ópio,
adicionado ao ópio o narcótico que aplaca seu
tédio,um amigo íntimo,amável,presente,fiel...
Nesse momento a cidade tem vida letárgica
tal qual a dela e de todas as pessoas...
Na rua,seus passos são ouvidos pelo único
brilho que carrega em sua alma cansada;
Sandálias douradas...