Recado aos que não soube esquecer

Eles falam como devo andar

E como devo viver,

Pra não correr pra longe,

Pois dizem que vão me perder.

Me julgam que de nada sei

E que eles sabem de tudo.

Não posso falar quando quero,

E quando quero devo ficar mudo.

E fico olhando o relógio,

Que está há horas parado,

Já nem lembro mais o meu valor,

O quanto pagam em algo usado.

Ande olhando para frente

E com o caderno na mão,

Ande com o lápis apontado

E sem cair no chão,

Não dobre a rua à esquerda,

Não tente virar à contra mão.

Cada vez que fecho os olhos:

Ainda fico acordado.

Não encaro mais o espelho

Que reflete um coração quebrado.

Cadê aqueles de ontem

Que iam me ajudar?

Onde estão os de hoje

Que viriam me buscar?