Estou Naufragado ao Solo Mais Duro


Fico no pestanejar atônito, largo ao mar, entregue
Nem de berço esplêndido deitarei ao chão espasmo
E nem de searas cujo mar dista farsante e desertor

Tenho à nau, este romper de auroras num oceano
E vi níveas sombras de loucas nuvens sem justiças
A cada aventura, a pé augusto, me deixando levar

O olhar se mareia nas poeiras tão iguais às ondas
Uma realidade frouxa, catita ao se igualar trovão!
Estou a perde-me na multidão de insossas marolas

Fico a louca, perdida calada, entre as dores e ares
Tracejei a rota e por agora sou mais relativa dama
E um tempo de frias horas se contemplam orações

Deixo ao desaguar troante esta violenta indecisão
Entre a ferros décimos de amor gelado, uma alma
A mais triste entre penedos de alvoroços a cairem

A minha arca é a belonave insensata, roída morta
E sons de correntes gélidas, vestes de ferro, amôr
Doce embalar de sentimento a apaixonar os vultos

Em cada canto neste orar entre o medo e soçobrar
Ficarei comigo, isolada de paredes caídas, valente!
Ao acordar o abraço ao tanto que o destino feriu...

Nem tenho amôr, verdade cansada, na espera sua
Esta que é das dores a esperança da carne incerta
A maior das ofensas do espírito que sofre pendular

E, solitário ermo, livre do temor segundo, sou diva
Aquela que anda como deusa exilada em terra Sul
Mas o Norte a quem pregar esta voz, não tem asa

Ficarei aqui, a nave farta, a tarde falha, calmarias
Um todo de afáveis minutos de Sol, este naufrágio
E mais um instante onde segundos estão perdidos