A Via Látea
Não tô bem desde que perdi os teus olhos oblíquos por causa de outro alguém. - Perdi?
A minha cabeça dói quando lembra daquela ruiva fingida. (Não é a Franciele). - Embora, ela seja, também.
Começo, a enrolar a língua e, começo ver as fotos da minha infância na minha cabeça.
É... Engraçado, quando eu era criança, eu sorria ao lado das pessoas que iriam me foder, futuramente. - Não falo só das minhas amigas de infância.
Quando a gente é criança, a gente não imagina que seu pai vai foder com a tua vida. - Aí, você tira foto com ele, sorrindo no fliperama.
Lembro de poucas fotos com a minha mãe. - Aliás, de madrugada, vou até olhar minhas fotos de infância. Eu falei, que nunca mais olharia.
Mas olharei hoje, só pra ver se tenho fotos com ela. - Ela sempre foi mais contida. Puxei isso dela. Apesar de gostar de tirar fotos.
O meu pai, já é o oposto. - Gostava, e ainda gosta, de se aparecer.
Gosta de mostrar que foi pra Floripa, pro Rio de Janeiro, pra Praia Grande, pra Campos do Jordão e pros caralhos onde ele costuma viajar.
Já eu, não gosto muito de tirar fotos em locais públicos. - Num MC Donald's, talvez.
Uma vez, a minha mãe pediu pra que eu tirasse uma foto na frente da loja que a Franciele trabalhava. - Não curti muito, não.
Não porque ela trabalhava lá, mas por medo de passar vergonha.
É... Preciso trabalhar e focar menos nas mágoas.
Pois, meu coração já tá cansado.