AUSÊNCIA SEM COR

O meu pensamento devaneia na querida musa distante.

Nas lembranças, procuro cada vez mais profundo,

Os momentos concretos, em que eu via o seu semblante,

E contemplava a sua beleza em um segredo fecundo.

O meu coração sensível insistia em me delatar,

Mas minha mente resistia e reprimia os sentimentos.

E assim, calei-me, e continuei no meu caminho a vagar,

Sozinho, tentando envolver-me numa aura de esquecimento.

Hoje, vagando por terras arrasadas, com as chagas em dor,

Contemplo minhas feridas abertas de cor carmesim.

As minhas mãos cansadas, vazias, e sem nenhuma flor,

Contemplam o brilho opaco de um triste jardim.

O meu ser de essência alquebrada espera em vão.

Em meu peito, o meu coração teme a realidade amarga,

Da perpétua partida rumo a infindável ilusão,

Acompanhado pela ausência da mulher amada.

Vicente Mércio
Enviado por Vicente Mércio em 14/10/2015
Código do texto: T5414310
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