INCERTEZAS

A solidão se apega a mim e corrói-me por dentro,

o tempo impetuoso degrada-me e modifica-me por fora.

Cada vez mais me sinto perdido sem norte e sem centro,

e a cada momento sinto que devo partir, ir embora.

A tristeza envolve meu ser e sinto que caminho rumo ao nada,

pois a liberdade parece inalcançável, algo que não virá de graça.

Observo a sociedade e vejo seres enganados, dominados pelo consumo, sem saberem que estão tristes e anestesiados por um modelo de fetiche.

Homens e mulheres por metrópoles e sertões, caminham sem rumo,

seguem as placas erradas, aquelas que não nos levam a uma realidade alada.

Hoje, sinto-me melhor dentro de mim mesmo, sem externalizar,

encontrando refúgio somente nas palavras, escritas com pesar.

Não sei o que fazer, não sei se abraço a solidão ou se a desprezo,

não sei se caminho triste em meio à multidão, ou se retorno ao subsolo.

Às vezes desejo embriagar-me num turbilhão de dúvidas, até olvidar quem sou.

Talvez assim acostume com esta realidade que produz dor,

ou enxergarei no horizonte a beleza escondida em algum lugar,

que me trará esperança de um dia acordar e seguir cantando rumo ao sol.

Vicente Mércio
Enviado por Vicente Mércio em 19/12/2015
Reeditado em 19/12/2015
Código do texto: T5485029
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