(Dança da solidão)

“É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de viver com alguém que saiba pensar.” Rousseau, Jean Jacques

Esta cama sem você é muito fria.

Nem este drinque me acalora...

Derrete o meu fígado,

que esguicha sangue

por entre as almofadas,

mas não me faz mais feliz.

Na calma da noite, lá fora,

os indivíduos solitários

caminham sem rumo.

Vão com a cabeça na lua,

atarracados na esperança

de ter o amor que sonham...

Metade marchará em vão a vida toda!

Para continuarem vivos,

necessitam acreditar.

Meninos sonhadores

em corpos de homens

carentes de alma e calma,

presos nas grades de uma saudade.

Dos seus passos no chão,

saem canções de ninar

gente grande...

Embalados nesta música,

os afortunados da vida

acendem os corações,

e se amam por entre

as paredes muda-surdas de suas casas.

O amor que aquece o mundo

fica sempre longe deste leito.

O que raras vezes acalora

e acalma minha alma,

é a alma deste aperitivo...

Ela, que loucamente baila

na música que surge

do contato das pedras

de gelo deste copo bêbado.

Quero ver quem não chora

quando chora a madrugada.

O triste lamento da alta noite

é pior que lamúria de homem...

Machuca na alma da gente

e o coração persiste em bater

para fazer mais padecer quem

foi incapaz de amar acertado.

Nem mesmo o calor do novo dia

faz sair de dentro de mim

o frio da saudade.

É dentro do peito

que ele se esconde,

onde o atrevido sol

não alcança e não bate.

É aqui onde dançam

a dança da solidão...

É aqui onde mora

a agonia do mundo.

Sou eu quem a suporto

por sobre meus ombros

já vergados pela dor de ser sozinho.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 20/03/2016
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