Pólos opostos

Dias de um sábado quente nesse pólo,

noite de um frio de nevasca no seu pólo,

dois pólos opostos, noite e dia, quente e frio,

sombras contra o sol na calçada de cimento,

lembrei de seu sorriso na foto,

memórias esquecidas no fundo de um baú,

lençóis brancos voando no varal,

canteiros de avencas no quintal,

você tomando seu chimarrão,

enquanto me lanço no rio da fazenda,

nado, nado, busco a correnteza que me leve,

me transporte para o outro lado do mundo,

um passeio pelas estrelas escondidas no post mortem,

um pouso no lado oculto da lua,

um sorvete numa praça de Roma,

esperando o relógio gongar a meia-noite,

sorvendo o sabor morango da amnésia,

remédio que me faz caminhar,

levantando para seguir no amanhã,

contando as conchas na praia,

como um menino sem preocupações,

gravando suas pegadas no molhado das ondas,

talvez isso seja tudo que sempre fui,

talvez isso seja tudo o que eu sempre serei...