Memorial do sonho que se foi
 
A vida não poupa esforços para retalhar os sonhos.
Alguns, tão breves, tão intensos por excelência.
Longos foram os dias em que notícias não chegaram.
É sempre a espera que atormenta o coração apaixonado.

Depois de dizer adeus, morri sem saber que morria.
Mas dentro de mim ficou um buraco bem grande,
naquele espaço ninguém mais poderá entrar,
reservado para ser o memorial do sonho que se foi.

Seriam as joaninhas mensageiras da mentira?
Se os dias passam e o amor verdadeiro não vem.
Não desmereço a força dos outros amores.
Um pouco de utopia não faz mal a ninguém.

Poderão haver dias de sol sem serem noites?
Posso dormir em paz não tendo o que esperar.
Em contrapartida, os olhos perderão o brilho.
Seria a doçura no olhar apenas recordação?

Qual será o destino das cartas de amor?
Serem apenas versos vazios num contexto cinzento?

Se eu não sei amar, as cartas exprimem o sentir,
o meu esforço de tentar amar com o que tenho
que não é tudo, mas é a maior parte de mim,
porque embora eu pareça uma criança teimosa,
sou feita de amor e é por ele que quero viver.

Poderá alguém amar o que sobrou de mim?

 
Março/2016
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 03/06/2016
Reeditado em 11/07/2018
Código do texto: T5656218
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