Nua

NUA

Foram muitos os anos, as perdas renúncias, enganos e desenganos..

Foram muitas as partidas e o desfazer dos planos..

Foram frias madrugadas de esperas, chegadas, que não deram em nada...

Foi além, bem além, minha mão estendida elástica esticada...

Foi até por compreender os por quês dos que não a mim entenderam..

Foi até por achar justo para comigo, as sobras, tralhas, migalhas...

Fui caminhando assim, solitária em mim, solitária de mim...

Foi doando o meu maior capaz, que me vi assim..

Foi doando o meu alimento o meu aleitamento, que me fiz instrumento..

Arma mortal de um final que muito, muito lamento...

Do bem e do mal, sempre tive conhecimento...

Foi fazendo opções entre o ter e o ser..foi em respeito ao sentimento..

Foi elevando e relevando..que me vejo agora nua..ao relento....

Foi fazendo vista grossa ante as desculpas impúberes..

Foi aceitando perdões nunca pedidos..ações pequenas e inúteis..

Foi acatando, foi aceitando os delitos fúteis Deus meu, fúteis...

Foi ante a imensa solidão de agora, que tudo joguei ao chão..

Foi ante o saber dos imensos cansaços, da agora desilusão..

Foi frente ao espelho de quem hoje sou, que chocou-se minha visão...

Foi ante dores tão atrozes, perdas ferozes, de um cansado coração...

Foi por não ser indiferente, por dar a mão, e não gostar de luvas..

Foi pelos erros cometidos vida afora, por pressentir a curva..

E a fé cega, de tristeza e solidão, hoje é turva...

Pressinto uma morte..morte lenta, dorida, cautelosa..

Uma morte quase que suicida, morte só, insegura e medrosa..

Morte de uma alma até mesmo boa e generosa...

Desta morte eu sei..virá a ressurreição..não sei se de uma rosa..

Ou de uma serpente, cruel, ardilosa, letal, venenosa..

Ou de uma leviana, mundana mulher, tal a serpente, ardilosa..

Das tramas nunca dantes ousadas, ou usadas, má mulher! Caprichosa!

Tal a serpente, tal a mulher eu as sei e sempre dominei..

Mas se hoje morro, e morrerei..eu as libertarei...

Unidas, eu as sei, virão juntas liberto-as..dou-lhes vida..mas, tentei!

A rosa??? A rosa???

Dorothy Santos Carvalho

Goiânia, 30 de julho de 2007

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 30/07/2007
Reeditado em 04/08/2016
Código do texto: T585395
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