A Rainha do Gelo

Frias são as lembranças que se tornam pálidas e distantes

Frios são os sentimentos que tornam-se dispensáveis e efêmeros

Frio é a carência de vontade ou de coragem para atravessar seja qual for a tempestade.

Frio é quando morre o amor, para dar lugar a dor.

Frio é a ausência do calor, em toda sua amplitude

Frio é o lugar onde ela se encontrou após tudo perder o sentido.

E esfriou tão de repente, demasiadamente,

A tormenta a devastou, por todo canto que passou

Esfriou por inteiro, sem contestar, antes de perceber ou aceitar

Se deixou esfriar, e agora tudo o que toca vira pedra frágil de despedaçar.

Congelou seus sentimentos ingênuos, sua alegria, o amor que em seu peito ardia

Congelou as lembranças, o bem querer, a esperança, a graça de viver e esperar

O medo a esfriou de tal modo que não mais ousou, por sua coragem, buscar

Decepcionou-se ao ponto de não confiar mais em si e em ninguém

Partiu-se em tantos pedaços, que não procura mais se encaixar

Secou todo seu manancial de perseverança, empatia e auto piedade

Solidificou-se na solidão de seus pensamentos e sonhos irrealizáveis

Quis pertencer, mas isolou-se ao ponto de transparecer

Não quis morrer queimada para não virar cinzas, mas congelou e virou pedra fria

Nunca imaginou, de vera, que o frio traria mais destruição que o fogo

Seu inferno agora era montanha de neve branca e glacial

Estaria, assim, condenada a viver eternamente neste inverno

Enclausurada em sua imortalidade, naquele frígido castelo.

Sem luz, nem cor, som ou ardor

Sem paz, sem vida, sem chão e sem saída

Sem mais...

Fria.

Luna Canceriana
Enviado por Luna Canceriana em 13/01/2017
Reeditado em 21/04/2017
Código do texto: T5881348
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