Visita inoportuna

Que direito tem você

Vir aqui junto de mim

Me trazer sua tristeza

Me molhar com suas mágoas

Me falar do seu desgosto

Que direito tem você

De achar tudo desgraça

E afugentar a graça

Suspirar no meu ouvido

A bufar esse “ai meu Deus”

E enxugar-se no meu ombro

Que direito tem você

De falar no seu azar

E achar que mete medo

A fazer parar meu mundo

Com seu tédio, sua fossa

Tudo é tão deprimente

Que direito tem você

De pedir o meu conselho

De pedir o meu consolo

E eu pressinto

A pensar que eu consinto

A pensar que também sinto

Que direito tem você

Vir aqui me acordar

Vir aqui e enxotar

Toda a minha euforia

Atrapalhando uma vez mais

Os meus sonhos e os meus planos

Sai de mim, pessimismo!

Hoje eu só quero alegria!!!

Rio de Janeiro, 3/4/1976

Maurício Victor de Uzêda
Enviado por Maurício Victor de Uzêda em 08/02/2017
Código do texto: T5906536
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