MEU DESERTO
E lá, estava eu, caído quase sem forças
Onde outrora. um vasto açude existiu
Era o deserto envolto em minh'alma
A beleza do que meu coração sentiu
O sol queimava-me a pele impiedoso
E desnorteado, cruzava o meu deserto
Pávido por meus lábios, sequiosos dos teus
Tempestade de lembranças, eu seguia incerto
E a cada passo, os anteriores perdiam-se
Impossibilitando o regresso ao mesmo caminho
Por onde vim, certamente, não mais seguirei
Talvez, quiçá, buscarei meu oásis, sozinho
E chorei,desvergonhoso de quem me via
Julgando, sem entender o que se passava
Tornou-se Saara, a seca que me envolvia
Era a dor no coração de quem somente amava
E cobriu-se de gelo, o amplo e ermo deserto
Não permitindo o menor aconchego de alguém
Assim, estou, escrevendo em minhas areias...
Este mal, que um dia, tanto me fez bem.