EU NÃO SEI NADAR
É preciso que alguém abra esta porta
...gire a fechadura ou a tramela
Eu preciso respirar, soltar o ar
Pode até entrar pela janela
É preciso que alguém pule da ponte
Estou num galho, boiando no rio
Braços trêmulos e lábios roxos
Meu peito está imerso no frio
...estou cercado por tantas pessoas
São tantas palavras e nada escuto
São tantas vozes sem nenhum som
De sangue negro, meu ser é luto
Olho o horizonte, como quem é cego
Vago ao léu e sob os pés, sinto as bolhas
Descanso à sombra de uma árvore
Ouço pássaros, sinto a brisa, caem folhas
Jogo-me num lago como se fosse peixe
E tal como um âncora, sinto-me afundar
Sorrio! E conformado, abro os braços
É que eu lembrei: Eu não sei nadar.