EU NÃO SEI NADAR

É preciso que alguém abra esta porta

...gire a fechadura ou a tramela

Eu preciso respirar, soltar o ar

Pode até entrar pela janela

É preciso que alguém pule da ponte

Estou num galho, boiando no rio

Braços trêmulos e lábios roxos

Meu peito está imerso no frio

...estou cercado por tantas pessoas

São tantas palavras e nada escuto

São tantas vozes sem nenhum som

De sangue negro, meu ser é luto

Olho o horizonte, como quem é cego

Vago ao léu e sob os pés, sinto as bolhas

Descanso à sombra de uma árvore

Ouço pássaros, sinto a brisa, caem folhas

Jogo-me num lago como se fosse peixe

E tal como um âncora, sinto-me afundar

Sorrio! E conformado, abro os braços

É que eu lembrei: Eu não sei nadar.

POETA URBANO
Enviado por POETA URBANO em 19/02/2017
Código do texto: T5917066
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