bebida poética

bebo poesia gelada

na manhã semi-quente

vou sorvendo suas intensas

gotas líricas

a mapear minha goela

e a percorrer o

reverso das palavras

o avesso dos gritos

a antítese dos suspiros

e a cada pausa

a vírgula angustiante

do cansaço,

do dejà-vu

bebo poesia quente

escaldante

feito lava de vulcão

a derreter significados

a diluir semânticas

a reduzir sentimentos

em pedras

em chão esponjoso e

irreconhecível

a poesia fervida

acende-me a ebulição da alma

levanta as cinzas

das catacumbas

umprime fóssil

feito tatuagem

no rosto do dia.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/08/2007
Código do texto: T596349
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