Cowboy do asfalto

Andamos por tanto tempo tropeçando em paralelepípedos,

esbarrando em muros que nós mesmos erguemos à volta,

sentindo o peso invisível do chumbo de nossos pensamentos,

quando a tristeza não é passageira nessa viagem,

quando heróis são apenas idosos em asilos,

quando todas as verdades já foram esquecidas,

e eu sou apenas um Cowboy perdido no asfalto...

Talvez nossa música preferida jamais volte à tocar na rádio,

e cada rosa traga seu espinho mais mortal para nos ferir,

deixando-nos as cicatrizes desse caminho de dor inglória,

enquanto jogamos baralho com o destino em qualquer esquina...

Sofremos as mesmas angústias de dias eternos,

esmurrando fantasmas de nossas próprias criações,

chorando por pessoas que sequer lembram de nossos nomes,

quando o sentimento já não nos traz boas lembranças,

quando liberdade é apenas uma palavra num guardanapo,

quando todas as tentativas de ser alguém melhor se esvaem,

e eu sou apenas um Cowboy buscando um rodeio...

Talvez nosso filme mais intenso jamais passe diante dos olhos,

e cada cerveja não apague os tormentos de nossa alma solitária,

deixando-nos sóbrios o bastante para maldizer nosso reflexo,

enquanto atravessamos nosso oceano furioso à nado...