Vozes veladas

No espaço, o fino sonho,

o lânguido aço que refaz o destino.

Uma lâmina corta a certeza

numa única tentativa.

E o frio... O frio se espalha e chega onde ninguem procura.

O escasso modo rotineiro,

a labuta condicionada em batalhas cegas,

o verde veloz da pelicula da vida

ceifando horizontes e rumos.

Sobre o véu veludo,

a verdade absoluta

como arma resoluta,

que finda e escancara a transparência:

nada, senhores, nada se opôe à tentativa de mascarar

a alegria com ramalhete bem visível,

assim mesmo, de petalas e espinhos.

O espaço... Nosso laço descompassado,

arremessando tempestades de vento

sobre nossa saída inesperada.

O cálice das emoções,

o instante das despedidas,

são todas idéias vendidas

pela nossa vontade.

Vozes veladas na escuridão

da chuva de folhetos em tamanho gigante.

Lá está escrito a mensagem contemporânea

de uma admirável vida nova.

Sobre o sopro do acaso,

a orgia desenfreada e faminta,

o caminho vil e raso

como uma saída mais sucinta.

Medida de emergência que condena a criatividade,

mas que aqui cabe

para enfeitar

os fragmentos dessas idéias irreais.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 13/08/2007
Código do texto: T605934