No Silêncio e no Escuro

O homem está calado, recostado naquela parede velha, de reboco velho, a pintura explode com a força do tempo e embora com o ambiente pobre de luz, é possível vê-lo escoriado de suas roupas manchadas de vinho e cachaça, rebuscando-se entre sussurros e balbuciando diz: ainda quero beber.

Você não sabe se ao ponto, àquele ponto de cozimento, onde tudo fica muito bom para apreciação de seletos paladares. Seus braços pesam e suas pernas fogem lhe deixando mano tropo à deriva. Onde está a beleza? Se você pudesse ver! Mas você é só teimosia e intolerância, e para nada lhe servirá refletir.

Seu amor se foi pelas ruas da cidade, em busca de um novo amor. Um amor que lhe seja devoto e que a veja como uma rainha e não como livre. Toda mulher que se prese tem em si a maestria de ser rainha. E por isso ela se foi levando teu coração pendurado na sola de seu sapado, abriu um riso prazenteiro e brilhou entre as estrelas desse céu.

Você reluta e tenta perfazer-se, mas é tudo em vão; você não consegue ir além dessa mesa, e a garrafa lhe caiu bem por companhia. Tenta levantar a cabeça, quer bravatear fazendo alarde de valente, mas qual! Você é um punhado de gente meã de verdade, raso de amor, escasso de paixão, e que soluças o remorso de sua perda irreparável.