Sábados à noite

Os sábados à noite são sempre os piores dias,

quando a memória trai a atenção cotidiana,

e todas aquelas cenas deixadas no passado retornam,

parecem fantasmas à assombrar uma casa vazia,

quando tudo o que restou está num copo de Whisky...

Os sábados à noite são sempre mais dolorosos,

quando a mente liberta-se do controle diário,

e todos os aromas deixados naquele ontem voltam,

parecem um rio teimoso à correr para o mar,

quando tudo o que sobrou está num candeeiro na janela...

Os sábados à noites são sempre mais silenciosos,

quando os ouvidos desligam-se dos barulhos ao redor,

e todas as músicas que apreciávamos vencem o tempo,

parecem a trilha sonora de uma filme eternizado,

quando tudo o que ficou está num piano já sem afinação...

Os sábados à noite são sempre mais escuros,

quando os olhos não seguram mais os delírios,

e todas as imagens trancadas no baú da alma se desgarram,

parecem vaga-lumes percorrendo florestas densas,

quando tudo o que escapou está nas batidas de um coração perdido...