Muito longe da eternidade

Outro dia nesta estrada sem fim,

outra noite esperando um caminho apontado pelas estrelas,

buscando sair das sombras que ocultam o horizonte,

tentando manter-me são de tudo e de todos,

num mundo que estremece em terremotos de insensibilidade,

quando pessoas que se dizem verdadeiras atuam em palcos,

fazendo de suas vidas dramatizações públicas com máscaras de gesso...

Muito longe de casa para ver as cercas brancas,

muito longe de mim para enxergar alguma salvação,

muito longe de qualquer coerência...

Outro dia neste deserto de sensações,

outra noite procurando respostas que venham nas ondas do mar,

buscando emergir desse oceano de escuridão que afoga os sonhos,

tentando manter-me longe de tudo e de todos,

num universo que afunda em areias movediças de tolices,

quando pessoas que se dizem humanas esquecem outras,

fazendo de seus corações grandes abrigos de solidão...

Muito longe de casa para ver o gramado verde,

muito longe de meus pensamentos para meditar,

muito longe de qualquer evidência...

Outro dia nesta ciranda de músicas desafinadas,

outra noite tateando por significados vincados em muros,

buscando divisar entre o real e o imaginário,

tentando manter-me protegido de tudo e de todos,

num navio que segue sem rumo para imensos icebergs,

quando pessoas que se dizem apaixonadas são indiferentes,

fazendo de suas juras de amor palavras vazias na ventania...

Muito longe de casa para ver o cachorro latindo,

muito longe dos museus de grandes novidades,

muito longe de qualquer eternidade...