Os Ventos.

A chama de toda vela se apaga

E todo vento que sopra

Passa por mim sem ser visto

Mas eu posso ver, sentir e ouvir

As coisas que o vento move

A brisa no rosto

O ruído do sopro

Na alegria da chama da vela

Que faz festa e que dança

Sempre que o vento passar por ela

Sem saber se cera e pavio

Vão poder queimar até o fim

de vez em quando ela chora

E lá fora, feliz a folha balança

Sabendo que o verde amarela

Em seu tempo, toda folha cai

Pode ser que um sopro mais forte

Precipite a folha, apague a vela

A existência da dúvida

Incerteza constante

Vem por graça nesta vida

Bruxuleante, a vela desconhece

Em qual instante

Há de extinguir-se a chama

Senão, nenhum vento

Seria bom o suficiente

Por mais tempo a folha tivesse

Se houvesse certeza

Nada nunca seria o bastante.

Edson Ricardo Paiva