Todo mundo tem um Raimundo

Seu nome era Raimundo

Desses filhos sem noção

Que um dia perdeu sua mãe

E saiu por esse mundão

Virou um vagabundo

Com um enorme coração

Viveu a vagar pelo mundo

Rabiscando o seu ganha-pão

Rasurava em papel imundo

Imagem, poesia e canção.

E por eles pedia um trocado.

Talvez tudo estivesse errado...

Mas, jurava não ser essa a intenção.

Seu teto era o próprio céu estrelado

Debaixo dedilhava um velho violão

Onde lamentava não ser mais amado

Ao longe o som das ondas do mar

Com maestria a acompanhar

Sentidos de uma mente embriagada

Que não queria da vida mais nada

E na música que cantarolava

Toda língua se misturava

Num complicado bebunlez

Santa insensatez, inocente nudez.

Morreu caído na areia,

O seu túmulo e o seu leito

Com a solidão cravada no peito

Ao lado de seu violão.

Um ser sem mãe

Morreu arte, poesia e canção.