Caixa em forma de solidão

O seu amar me prende em um porta-retratos empoeirado e cheio de teias de aranha

Sou amassado mil vezes em papéis de rascunhos

Com um rosto empalamado e um sorriso sem dente, olho para o nada

Ando pelo breu com pensamentos acinzentados de tristeza

E ao passar por jardins, as flores murcham e choram

O dia e a noite agora evaporam em meus dedos

Sou como um café frio, sem graça...

Sou como um disco de vinil querendo tocar em um aparelho de som moderno...

Sou como uma serenata de amor em um mundo que só priva a carnalidade...

Pareço mais um retrô num mundo contemporâneo

Estou sufocado pelo desprezo, e nem um cilindro de amor adiantaria

Respiro, inspiro, vou me colocando em uma caixa

Vazio e sem sentido, lá estou eu

Com minha vida compactuada à uma caixa em forma de solidão.

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 01/02/2018
Código do texto: T6242000
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.