Meus temores

Pelo menos um rabisco no caderno ao lado de uma árvore morta,

Debaixo de um céu acinzentado. Respiro as sutilezas deste ar... Ouço e sinto,

As vozes ecoantes e distantes de um fascinante lugar.

Pergunto-me, onde estariam todas as minhas forças? Enquanto espero que a chuva caia

Enquanto espero que venha ela até mim. E finalmente o silêncio me tem,

Estou em fim, mesmo que por poucos segundos onde eu devo estar...

Sem muito pensar, ao lado desta finada árvore onde mil lembranças me aprisionam!

E ai eu pergunto-me: Qual é a chave que me leva ao lado destas flores mortas?

Quando as recebi e quando plantadas foram estavam vivas e perfumadas.

Tamanha era a beleza de suas pétalas que agora murcharão. Vertigens me veem...

Meu medo não é envelhecer e morrer. Meu medo é ver em meu envelhecer,

Tudo o que admiro e louvo murchar e morrer!

De eu serem apartados todos os verdes lagos que ainda não deslumbrei.

E que essa canção que ouço agora vinda de uma igreja, me faça lembrar

Em meu leito de morte este dia agora. Meu medo é esquecer minha solitude,

Ficar longe de um EU que ainda desconheço.

Sei que eu reconhecer-me-ia em frente ao espelho agora, porém,

Temo que o espelho não me reconheça.

Temo ainda não mais amar este céu cinzento que águas guardam.

Meu temor é desastroso, é um inconsciente duvidoso.

Não somos seres cautelosos, somos instruídos a sermos assim.

Por conta dos medos e afins.

No final o meu medo ainda está em mim.

E o seu? Seria também algo assim?

(without fears i came to write)

Júlia Trevas
Enviado por Júlia Trevas em 30/03/2018
Código do texto: T6295201
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