Improvável

Ele é um jardim arranjado

Não olha para os lados

Coleciona fotos do passado

Segue o destino que lhe foi dado.

Ela desarruma os cabelos

Se colore no espelho

Anda nua pela casa

E rir com os olhos

Embaixo do chuveiro

Ele arruma sua bagunça

Seus sapatos e suas lembranças

Ele é temperamental

E gosta de ler jornal

Ela fala com os botões

Conta de sua introversão

Pensa que não há mal nenhum

Em não querer ser de ninguém

Nessa vida que se tem.

Enquanto ele fala de música

Ela quer senti-la

Ele não ouve sua sintonia

Nem sabe a febre que sente

Toda noite exilada

Ele é tão poliglota

Mas não entende sua alma

Ele não vê seus sintomas

Quando ela arde em chamas

Ele entoa muito bem o violão

Sabe como ninguém, tocar uma canção

Mas ela inquieta

Quer um pouco de atenção

Ele se embriaga de cerveja e vinho

Ela toma café para acordar

Abre a porta para o sol entrar

E sabe quando a lua cheia vai se renovar

Ele vive um ritual

Tão formal de vida social

Sabe quando vai chover

E olha as horas a cada amanhecer

Ela é improvável

Segue o crepitar

Sempre que vai embora

Ele espera ela voltar

Claudeth Oliveira
Enviado por Claudeth Oliveira em 10/04/2018
Reeditado em 11/04/2018
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