FILHO DA SOLIDÃO
Ouço o mundo à minha volta,
E o rumor das ruas me revolta;
Ando pelas calçadas das cidades
Como quem evita as tempestades,
E quando desce o manto escuro
Da noite, vejo nele o meu futuro.
Eu amo os ambientes desertos,
Espelhos que refletem a grande multidão
De pequenos vazios que carrego comigo,
E quando lanço os olhares esparsos na amplidão
Dos espaços e vejo que não há ninguém por perto,
Tenho a grata sensação de estar cercado de amigos.
Filho da solidão
Que sou, o silêncio me distrai,
E o abandono, com certeza,
É a minha maior satisfação.
Nada mais me atrai
Na natureza.